Quanto cobrar por aquele freela?
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Quanto cobrar por aquele freela?

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No post, compartilho dicas e ferramentas para precificar serviços para freelancers, enfatizando que, mesmo quando a produção inicial não envolve custos diretos, o tempo investido deve ser considerado. Recomendo definir um padrão de vida, calculando gastos mensais e um percentual para poupança, além de determinar quanto tempo você está disposto a trabalhar. Com esses dados, é possível calcular o preço da hora ou diária de trabalho, garantindo que você não cobre menos do que o necessário para cobrir suas despesas. É fundamental ter consciência do valor do seu trabalho e ajustar preços com base no alcance do projeto, mantendo um controle rígido sobre suas finanças para valorizar seu tempo e potencializar oportunidades no mercado.

 

Essa semana uma amiga me mandou uma mensagem pedindo ajuda para precificar um serviço. Ela é artista visual e tinha produzido um vídeo com objetos de sua casa e filmado sozinha durante o isolamento e quando postou em suas redes sociais, uma pessoa se interessou em produzir outros conteúdos parecidos para um canal e perguntou-lhe quanto custaria. Como não havia custado nada para fazer o vídeo, ela ficou confusa em qual seria o preço a se cobrar.


Esse é sempre o problema em precificar serviço. Parece que não custa nada por que, afinal, é só você dispor de um tempo e realizar o que foi pedido, não é? Então é justamente isso que você tem que cobrar, seu tempo.


Mesmo um produto, como um bolo, por exemplo, que você pode calcular rapidamente quanto pagou por cada ingrediente, quanto usou e saber quanto custou o item final, contem em si uma variável que sempre deve ser incluída no custo e essa variável é o tempo.

Mas como saber quanto custa o seu tempo?


O que eu, normalmente faço, independente do serviço que estou prestando é, primeiro, definir um padrão de vida. Para isso você precisa saber quanto você gasta por mês com a sua vida, então comece por aí. Faça uma tabela somando todos os gastos fixos, variáveis e algum extra para emergências ou simplesmente para poder poupar.


Eu não digo quanto deve ser o seu padrão de vida, por que acho que isso não existe. Você sabe melhor que eu quanto precisa para viver confortavelmente e ir realizando através dos anos tudo que se propôs nessa vida e, normalmente, esse valor é diferente para cada um.

Eu, por exemplo, defini que para desenvolver o serviço de produção de vídeos para a publicidade, devo ser capaz de pagar minhas contas fixas, ter dinheiro para fazer pelo menos uma viagem por ano de férias e algum pequeno extra para comprar algo novo ou simplesmente poupar. Mesmo assim, acredito que se eu só pagasse minhas contas, não viajasse, mas tivesse o pequeno extra, também conseguiria viver, ou ainda, se conseguisse viajar e o extra fosse um pouco maior também me deixaria bastante tranquila.


Assim, eu defini um padrão de vida mínimo que é o valor que eu preciso ter por mês para sobreviver, um padrão médio, que é a vida correndo tranquilamente com meus desejos mínimos atendidos e o padrão ideal é o começo da minha escalada ao topo do mundo, não é tão distante do médio, mas garante que eu esteja em modo de crescimento e não só em manutenção. Aqui você pode incluir investimento em equipamentos, por exemplo, em 3 meses eu preciso comprar um novo computador, quanto a mais por mês é preciso incluir, então?


Incluí aqui a tabela de custo de vida que eu uso, com valores fictícios, mas é importante adaptá-la para os seus cálculos reais. Lembre-se que custos que são pagos anualmente, como impostos ou assinaturas, devem entrar divididos por 12 meses nessa tabela, para sabermos o custo mensal deles, ainda que sejam cobrados somente uma vez em um determinado mês. Também mantenho na tabela um percentual que não deve ser gasto (exceto em emergências), que vai direto para a poupança ou outro investimento bancário qualquer, você pode alterar esse percentual se preferir, mas eu não aconselho retirá-lo.



Outra parte do padrão de vida é quanto tempo da sua vida, você está disposto a trabalhar. Para garantir a saúde e também algum tempo para me dedicar a projetos pessoais, eu normalmente considero entre 6 e 8 horas por dia, apenas em dias úteis. Definir isso, não significa que eu trabalho realmente 8 horas por dia, nos 22 dias do mês, meu trabalho não funciona assim, às vezes eu preciso trabalhar 20 horas num domingo e depois fico segunda e terça sem trabalhar, mas aqui estou definindo um padrão que considero saudável e que vai me ajudar a precificar o valor do meu tempo. Você também pode fazer 3 tipos de padrão de tempo, um mínimo, se dedicando o máximo que consegue, um médio, se dedicando de forma saudável, e um ideal, que seria o seu sonho de tempo dedicado ao trabalho.


Depois disso, eu tenho tudo em mãos para calcular. Vamos supor alguns números para poder facilitar a visualização do calculo:


Padrão de vida mínimo/mês: R$2.500,00

Padrão de vida médio/mês: R$3.5000,00

Padrão de vida ideal/mês: R$4.300,00


Tempo dedicado ao trabalho: 8 horas por dia, 22 dias por mês — ou 176 horas por mês (8x22).


Agora você pode descobrir o preço da sua hora e da sua diária, dependendo do trabalho que for cotado, você define qual o melhor parâmetro para cobrar.


Padrão de vida mínimo: R$113/dia ou R$14,20/hora

Padrão de vida médio: R$159/dia ou R$19,90/hora

Padrão de vida ideal: R$195/dia ou R$24,40/hora


Por exemplo, se você precisa filmar um evento que dura 3 horas e depois editar um vídeo dele, que demora mais 2 dias e talvez tenha 1 dia a mais de ajustes, qual seria o preço a se cobrar?


Vamos orçar pelo ideal, que é o preço que você almeja cobrar pelo seu serviço para estar em constante crescimento:


São R$97,60 pela filmagem (3 horas de evento mais 1 hora de deslocamento) ou R$195 pela diária de filmagem (você decide) e R$585 pela finalização, ou seja, o preço ideal pra você é R$780, considerando que só você vai trabalhar e já tem todo equipamento pago. Você arredonda e cobra então R$800 para ver como o cliente reage e já sabe até onde pode negociar.


Entenda que, nesse racional, você não poderia cobrar menos de R$452 pelo serviço, que é o custo calculado pelo padrão de vida mínimo, pois se trabalhar abaixo desse valor, na verdade, está pagando para trabalhar, pois suas contas são maiores que isso. Esse é um bom parâmetro para saber até onde pode negociar seu orçamento e quando é melhor recusar um trabalho e ir em busca de um que vai realmente suprir suas necessidades.


Quando a grana aperta, sei que muitas pessoas são tentadas a aceitar qualquer trabalho independente do preço que estejam pagando e eu também já fiz isso, mas é importante saber o valor do seu trabalho e ter a cabeça fria para negociar, assim você valoriza não só você mesmo, como o mercado em que está e, com isso, as chances de te oferecerem um trabalho abaixo do seu valor vai diminuindo com o tempo. Às vezes é preciso investir um pouco de tempo determinando seu valor de mercado e pra isso, é preciso trabalhar sua auto-confiança. Se precisar fazer um trabalho abaixo do custo, explique que esta é uma exceção de valor, que está investindo na parceria a longo prazo de novos trabalhos. Se achar que esse investimento não compensa, vá atrás de um que compense.


Outros tipos de investimento podem estar envolvidos na definição se um preço. Às vezes você aceita trabalhar abaixo do seu custo, pois sabe que aquele trabalho tem potencial para atrair outros trabalhos no futuro. Esses são os tipos de investimentos que valem a pena serem feitos.


Outra coisa que pode acontecer é que, dependendo de quem está solicitando o serviço e do alcance que aquele trabalho que você vai fazer vai ter, você veja potencial de cobrar um pouco a mais, justamente por que o investimento do seu tempo naquele projeto vai ter um alcance de tempo e espaço que extrapola a sua dedicação física. Isso merece um incremento de valor por exemplo, para grandes marcas ou projetos grandioso com veiculação de massa. Avalie se é o caso e esteja aberto para negociar com seu cliente de modo a não inviabilizar o trabalho.

Depois que as coisas estiverem fluindo, você vai ver que o seu calculo de preço pode mudar. Se você for um estouro e, de repente todo mundo quiser trabalhar com você, um dia você vai notar que fez mais no mês do que tinha colocado como ideal. Ou seja, seu preço acabou de aumentar, principalmente para os novos clientes, por que o seu recebimento mensal real agora é que manda no cálculo do valor da sua hora ou diária e não um suposto recebimento, como no início. O mercado está te dizendo quanto você custa e é mais do que você tinha dito para si mesmo, por sorte.


Ou seja, para saber seu preço, é importante manter um controle mensal rígido de quanto você gasta e quanto você recebe. E, fazendo isso, você pode até descobrir um jeito melhor de cobrar do que esse que eu expliquei, afinal, quem tem controle sobre suas finanças agora é você e todo tempo que você investir organizando isso vai ser mais valioso que qualquer outro.


Acredite.


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